Iniciativa do Parque Social em parceria com a prefeitura municipal quer incentivar a organização comunitária e a participação cidadã.
À frente da Banda Meninos da Rocinha do Pelô, a maestrina Elem Silva, 21 anos, está em busca de apoio e incentivo para seu grupo.“Precisamos de ajuda financeira para os instrumentos e roupas. Meses antes de minha mãe morrer, ela vendeu o bar e cedeu o dinheiro para a compra desses materiais. Hoje dou aulas de percussão e também reforço escolar para quase 30 crianças”, contou. Na tarde desta quinta-feira (22), a jovem participou do lançamento do Programa Comunidade Empreende (PCE) no Pelourinho, promovido pela ONG Parque Social em parceria com a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Trabalho e Emprego (Sedes). A cerimônia aconteceu às 16h, no Cineteatro Góes Calmon, no Museu Eugênio Teixeira Leal.
O projeto é parte integrante das ações do Pelourinho Dia e Noite e tem o propósito de impulsionar a cultura do autodesenvolvimento, potencializando o empreendedor social e a organização comunitária que faça a diferença no local em que os atores sociais estão inseridos. “O empreendedor social é aquele que tem potencial produtivo, olhar visionário e corre atrás dos seus ideais. Sabemos que o Pelourinho é uma comunidade rica em talentos na área cultural e educacional”, afirmou a presidente do Parque Social, Rosário Magalhães.
A presidente do Parque Social, Rosário Magalhães, no lançamento do Programa Comunidade Empreende no Pelourinho. (Foto: Arrison Marinho)
Esta não é a primeira vez que o projeto é realizado. O programa já foi implantado na comunidade do Bairro da Paz e segue em andamento. O prazo para conclusão do projeto é de um ano. Para o Pelourinho, a ideia central é a mesma, apesar das especificidades em cada comunidade. “Cada comunidade tem a sua realidade própria, mas os critérios do programa são os mesmos: apostar em iniciativas que tragam benefícios para a comunidade e tenham impacto”, ressaltou Rosário.
De acordo com o presidente do Conselho Comunitário Social e de Segurança Pública do Centro Histório (Conseg – CHS), David Costa, existe um empreendedorismo social na comunidade que acaba passando despercebido pela sociedade. “É importante tirar esses empreendedores do anonimato e resgatar o senso de pertencimento. A expectativa para este programa é positiva e queremos que o programa venha junto a melhorias na educação e sensibilização do nosso patrimônio local”, afirmou.
Com sete etapas, o programa começou há cerca de um mês na comunidade com a aplicação da primeira fase, a pré – operacional. A equipe técnica do projeto vai até a comunidade e atua no levantamento de dados para mapear a área.A próxima etapa é a formação do Fórum Comunitário do PCE Pelourinho, com lideranças comunitárias e institucionais.“A comunidade precisa entender que as soluções dos seus problemas passam pelo seu próprio engajamento. É perceber o problema de uma forma diferente e criar soluções inovadoras”, frisou o diretor administrativo do Parque Social, Fábio Rocha.
Ainda de acordo com o diretor, o mapeamento busca entender quantas instituições atuam no local e o que elas realmente fazem. “Nada mais baiano do que o Pelourinho. Esta é uma tecnologia baiana criada dentro do Parque Social que pode ser aplicada em qualquer bairro de Salvador”, lembrou. O projeto prevê oficinas de capacitação, construção de planos de negócios e definição de estratégias para a formalização de parceiros públicos e privados.
O empreendedor social André Leandro, 34, foi um dos beneficiados no Bairro da Paz. “Eu queria desenvolver um projeto de comunicação comunitária utilizando mídias alternativas para mostrar o que tem de interessante na minha comunidade. Hoje, estamos trabalhando com redes sociais como o Facebook, mas a proposta é que futuramente possamos criar a estrutura de um portal”.
Fonte:CorreioDaBahia