Há um ano longe dos palcos baianos, Tatau afirma: ‘tenho um público que me ama’

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25/01/2016

Angustiado. É assim que Tatau define como se sentia por estar longe dos palcos de Salvador há mais de um ano. A espera vai ter fim na próxima quarta-feira (27), quando o cantor resgata o projeto “Lá Vou Eu de Verão”, em apresentação única no Largo Quincas Berros D’Água, no Pelourinho, a partir das 20h, com participação de Igor Kannário e Margareth Menezes. 
“Estava me angustiando demais, precisava verdadeiramente voltar a ter esse olhar mais de perto com meu público. A ideia é matar a saudade. Músicas dos últimos anos foram atualizados, clássicos não podem ficar de fora, mas há renovação. Tudo que a gente acredita que é bacana no país a gente coloca no repertório. O show é pra isso, pra as pessoas verem o que é que tem de atual rolando”, conta o artista, que completou 47 anos nesta última sexta-feira (22).
A ausência de shows na capital baiana deu espaço para Tatau se dedicar a sua outra vertente. Ele gosta de compor músicas e distribuir para artistas de diferentes estilos musicais, como “Futuro Prometido” e “O que Tinha que Dar”, gravada por Sorriso Maroto, “Balanço do Camaleão”, do Chiclete com Banana, “Tem Xenhenhém”, tida como hit do Carnaval de 2015 com a banda Psirico.
“Tenho feito muita coisa nesse caminho. Componho, produzo, sou arranjador. Tenho sido muito requisitado por outros artistas. Vivo em estúdio também, produzo outros artistas. Na mesma intensidade que é o palco, os meus shows, há as composições. Levo muito a sério. Compor é a criação de um filho. Eu gosto de fazer música, eu não tenho esse apego a um estilo musical. Eu acho que essa coisa de ser eclético, mexer com tantas coisas me ajudam muito a compor para vários segmentos. Eu componho arrocha, pagode, samba reggae, forró, todos os segmentos são gravados. Agora mesmo nesse último ano fiz música para Tayrone, As Coleguinhas, Léo Santana, Calcinha Preta, fora Pablo, que já gravou um monte”, revela.  
Com ciúmes como tema, o baiano lançou sua mais nova composição, intitulada “Neném Chorão”, que segundo ele, não foi inspirada em nenhuma situação da sua vida pessoal. “Eu vejo ou imagino o cotidiano. É uma música que tem uma narrativa de verdade, não está em um plano de ficção. O ciúme é muito normal, muito natural na relação. Geralmente a gente cobra do companheiro o que a gente não consegue dar, ela aborda um pouco isso. Não foi inspirada em ninguém”, ressalta. 
Diferentemente da maioria do seu repertório, a nova aposta é em ritmo de arrocha, o que não é visto como desafio para ele. “Sou cantor de axé, me considero um cantor de axé, mas versátil. Canto tudo, não é algo de agora, não é algo buscando a tendência. Na minha história com o Ara Ketu cantei de tudo. Samba, pagode, romântico… e de lá pra cá eu continuo assim, não me prendo a uma linha. Tem que cantar o que te faz bem e agrada as pessoas, no entanto, Axé talvez seja o ritmo que mais me identifique”, comenta. 
Conhecido pela sua trajetória à frente da banda Ara Ketu, que comandou durante 22 anos – entre sua saída em 2008 e retorno para comemoração dos 20 anos do grupo, entre 2013 e 2015 – Tatau vê com estranheza as declarações de Tonho Matéria e Linnoy sobre não ser lembrado pelo público do Ara Ketu (Leia mais aqui). “Eu só contesto essa história de ‘não perguntar por mim’. As pessoas tem que ter um pouco de cuidado, é algo muito difícil de acontecer porque foram 22 anos à frente, de muita ética, muito carinho, respeito, não saí brigado do Ara Ketu, não teve escândalo ou algo que pudesse manchar minha imagem. Fiquei surpreso com isso, de tudo que eles falaram. Conheço Tonho há muitos anos, são meus amigos. Só é algo estranho. É difícil não perguntar, muitas músicas  e carnavais de sucesso. É que vai levar um pouco de tempo ou talvez nem possa acontecer”, afirma o cantor.
Mesmo tendo lançado um álbum em carreira solo, Tatau avalia que o público ainda tende a associá-lo ao seu antigo grupo por falta de visibilidade e trabalhos grandiosos de ambas as partes. “Cabe de projeto. Tanto Tatau como Ara Ketu ainda não têm um grande projeto nacional, que desvinculasse Tatau do Ara ketu. Tanto Tatau quanto o Ara Ketu fazem o que têm que fazer. As pessoas veem o artista no palco, mas o Brasil é imenso, leva tempo”, pondera. Mas ele é otimista quanto a possibilidade de fortalecer seu nome com um novo projeto. “Eu tenho uma carreira consolidada, tenho mercado, faço show em todo canto do país, até mesmo internacional. Gravei um DVD, que deve ser lançado em fevereiro, chamado Memórias. Nele faço uma viagem pela minha história, várias músicas que marcaram minha carreira, além de músicas inéditas”, sugere. 
A fase no Ara Ketu é vista como um divisor de água para carreira de Tatau, mas ele garante que não existe nenhuma possibilidade de voltar aos vocais do grupo. “Tenho muita gratidão com o AraKetu. As pessoas não levam 22 anos à frente de um trabalho se não tiver em grande nível de satisfação. O Ara Ketu me deu régua, compasso, caneta, me formou como artista. Cresci e me revelei nele, mas não voltaria mais, como fiz em 2013 para comemorar os 20 anos. Entrei com data pra sair”, conta.
Com a agenda de Carnaval pré-definida, o cantor ainda tem expectativa de comandar um dia de trio sem cordas na folia baiana. Ele está negociando o desfile para o folião pipoca no Circuito do Campo Grande. “Abrimos mão de muitas propostas pra deixar o domingo aberto pra tocar em Salvador”, revelou ele, que aposta em “Bota a Cara no Sol”, do É o Tchan, como hit da festa.
Mesmo com o discurso de crise, ele não acredita que a cena musical baiana esteja passando por um momento ruim. “Se fala nisso há muitos anos e vemos aí todo mundo bem,  trabalhando. Nesse comecinho de verão, olha o tanto de eventos, ensaios que estão tendo, todos eles lotados. Não pode se falar em crise com esse tipo de resultado. Se a função do artista é levar a massa, a massa está vindo”,  argumenta.
Com poucas aparições desde sua saída da banda Ara Ketu, Tatau não critica a falta de espaço em Salvador. “Eu sou da política que esse espaço a gente tem que buscar. Não vou ficar me posicionando como se houvesse um boicote, esse espaço que a gente tem que buscar, não tem que ficar lamentando. A gente precisa retomar o caminho para buscar esses espaços. Parece que há uma turma excluída, mas não vejo dessa forma. Tenho um público que me ama e adora. O artista tem que ter horizonte para ter sorte”, finaliza.
Fonte: Bahia Notícias.

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