Negros ou pardos são 63,7% dos desocupados

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21/11/2017

 

Por Cintia Moreira

Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, no terceiro trimestre de 2017, aponta que, dos 13 milhões de brasileiros desocupados, 8,3 milhões eram pretos ou pardos, ou seja 63,7%.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, a PNAD Contínua, o rendimento dos trabalhadores pretos e pardos também era menor: R$1.531, enquanto o dos brancos era de R$2.757.

Dos 23,2 milhões de empregados pretos ou pardos do setor privado, apenas 16,6 milhões tinham carteira de trabalho assinada. Outro dado relevante da pesquisa é que a participação dos trabalhadores pretos e pardos era superior à dos brancos na agropecuária, na construção, em alojamento e alimentação e, principalmente, nos serviços domésticos. É o caso do vigilante Everton Souza, de 35 anos. Ele trabalhava com serviços gerais em uma empresa que presta serviços para órgãos públicos e quem se destacava neste emprego, tinha a oportunidade de fazer um processo seletivo para ser promovido. Após passar por algumas fases, disseram que ele não tinha o perfil para a vaga.

“Eu e mais dois se destacamos, só que só tinha uma vaga. Beleza. Aí nós fizemos a seleção entre nós, fizemos a dinâmica, aí eu saí melhor do que os outros dois camaradas. Só que, quando ele viu, tipo assim, ele olhou para mim e eu acho que ele viu que eu era negro e falou que eu não tinha o perfil adequado para a vaga que eles tinham disponível, sendo que eu tinha sido o melhor de todo o processo seletivo lá que foi feito. Me senti discriminado.”

Veja a seguir, distribuição da população ocupada, de acordo com a cor e grupos de atividade:

O emprego doméstico no Brasil ainda tem vestígios das heranças escravocratas e os dados da PNAD Contínua apontam que os pretos e pardos representavam 66% dos trabalhadores domésticos no Brasil. De acordo com Secretário Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Juvenal Araújo Júnior, o Dia da Consciência Negra, comemorado nesta segunda-feira, dia 20 de novembro, é mais um dia para nós discutirmos a luta contra o racismo.

“Ela serve para que nós possamos realmente mostrar através, não só de um dia, todos os dias são dias de consciência negra, todos os dias são dias de reflexões, mas, principalmente, é um dia de nós contarmos a história realmente do negro no Brasil. Temos vários líderes negros, negras, que realmente se sacrificaram para que nós pudéssemos discutir estas questões ligação a importância da luta contra o racismo.”

A pesquisa do IBGE aponta também que somente 33% dos empregadores são pretos ou pardos.

Racismo institucional

Uma campanha feita pelo Governo do Paraná, Conselho Estadual da Promoção à Igualdade Racial e Assessoria Especial de Juventude, mostra que o racismo institucional diferencia candidatos e empregados segundo a origem étnica, cor de pele ou cultura.

Diversos profissionais brancos, que estão em busca de emprego, são convidados para participar de uma entrevista em uma empresa fictícia. Durante a seleção, são oferecidas vagas difíceis de encarar, com direito a bullying, assédio moral, salários inferiores aos demais profissionais e até alterações em características físicas. No filme, nenhum dos candidatos brancos aceitou trabalhar em tais condições. É aí que vem a mensagem principal da campanha: se você não aceita isso para você, por que um negro deveria aceitar?

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