Comerciante comanda projeto que oferece livros gratuitos em praças de Salvador

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10/09/2015

Para incentivar o público a conferir projeto, Lázaro equipou carro com uma caixa de som para anunciar as doações.

Quando era menino, o comerciante Lázaro Planzo, 53 anos, filiou-se a um grupo de escoteiros no qual era rotineiramente colocado diante de uma missão: fazer uma boa ação e anotar a benfeitoria, para depois contá-la ao chefe do grupo. Anos depois, já adulto, longe dos escoteiros, recebeu nova missão. Sempre alerta, decidiu atender ao chamado.

“Meu líder já havia morrido, mas sonhei com ele me cobrando uma boa ação. Daí tive a ideia de distribuir livros pela rua. Comecei comprando em sebos baratos, depois passei a receber doações”, contou ele, sobre os primórdios do projeto Ler na Praça, que há 17 anos oferece livros gratuitos nas ruas de Salvador. Ontem à tarde, foi a vez da Feira de São Joaquim receber a Kombi com cerca de três mil títulos distribuídos assim, sem burocracia, para quem estiver passando. É só chegar, escolher e levar.

Para incentivar o público da feira a conferir o projeto, Lázaro equipou seu carro com uma caixa de som para anunciar as doações. Para incrementar o garimpo literário, a banda de reggae Kebra Nagast fez um som para o pessoal. “Lázaro conhecia o baterista e resolvemos fazer essa parceria. A ideia é muito bonita e não cobramos nada pra tocar”, disse o guitarrista Edson Melo, 40.
O segurança Joilson Almeida, 37, foi um dos primeiros a chegar à procura de um dicionário. Saiu com volumes de Química, Biologia e Português. “Minha esposa vai fazer Enem e esses aqui vão ajudar ela”, afirmou.

Já o feirante Joaquim Santana, 74, optou por clássicos da literatura francesa. Saiu com Madame Bovary, de Gustave Flaubert, e A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas, debaixo do braço. “Vou levar para meus filhos. Mas se tiver tempo, leio também”, garantiu.

A sede do Ler na Praça, um galpão na Rua Teixeira Barros, 12, em Brotas, onde Lázaro e a esposa, Rosélia Sandes, 38, também vendem quentinhas, está sempre aberta a novas doações. “Lá abrigamos 100 mil obras e cozinhamos para 300 pessoas. A sobremesa é ler um livro”, diz Rosélia. Os telefones, para quem quiser contribuir com o projeto, são 3355-4388 e 9937-1089.

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Leitor com dois livros na mão: era só chegar, escolher a obra e levar
(Foto: Arisson Marinho)

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Leitores escolhem as obras que vão levar para casa, na Feira de São Joaquim. No sábado, projeto vai estar em Itapuã, próximo ao Largo da Sereia (Foto: Arisson Marinho)

 

Fonte:CorreioDaBahia

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