A CAIXA PRETA DA MEDICINA

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11/03/2015

Na área de saúde, especialmente na saúde pública, sobretudo, o comércio e as fraudes são terríveis flagelos. Os lobistas das indústrias farmacêuticas exploram o tráfico de influência para aumentar o volume de suas vendas de remédios, alguns até desnecessários. No comércio de sangue, muitas pessoas são contaminadas pela transfusão de material impróprio. E mais, o Brasil está em primeiro lugar no mundo em cirurgias supérfluas, particularmente em cirurgias estéticas, bem como em venda e compra de remédios e produtos falsificados. O escândalo denominado “Vampiros da Saúde”, em que funcionários graduados foram presos pela Polícia Federal, e ainda, o famigerado esquema “Sanguessuga,” envolvendo deputados, senadores, empresários e funcionários públicos, são mais exemplos da caixa preta que se tornou a medicina no Brasil.

Na operação denominada “Vampiros da Saúde”, realizada em 2004 pela Polícia Federal e Ministério Público Federal, a Controladoria Geral da União (CGU) estima que a fraude teria causado um prejuízo de mais de R$ 2 bilhões aos cofres públicos.

Conforme veiculação pela mídia, tornou-se comum, particularmente nos casos de pacientes terminais, antecipar a morte de alguns para atender outros que pagam mais ou têm plano de saúde que cobram mais. Entubar, só em casos especiais. Ou seja, “se está prestes a morrer… que morra logo e dê lugar para outro”. Isso é coisa de bandido! E, ainda, teriam sido desativados 1.315 leitos hospitalares no SUS, segundo o Conselho Federal de Medicina.

Assim, casos semelhantes, aos que teriam ocorrido no Hospital Evangélico de Curitiba/PR e no Hospital de Araucária/PR, estariam ocorrendo em todo Brasil e no mundo, pois em 2013 mais de 23 milhões de intervenções cirúrgicas foram realizadas, 13% dessas no Brasil.

A boa medicina e os médicos que honram a profissão não se prestam a essas baixarias que ceifam vidas. Mas essas minorias não têm poder de polícia para sanear as atividades médicas e hospitalares que estão infiltradas pelo crime organizado e pela ambição infecciosa.

Um estudo, elaborado pela Associação de Hospitais Norte-americanos – examinado por uma subcomissão parlamentar – concluiu que, em 1974, nos EUA, teriam sido realizadas 2.380.000 cirurgias dispensáveis, provocando 11.900 mortes e elevados gastos (também desnecessários). Tal mal, então, seria internacional? Ou apenas em alguns países?

Urge o aumento da rede hospitalar e especialização médica, particularmente no âmbito cirúrgico, cirurgiões cardíacos inclusive, pois, o Brasil possui apenas dois mil e quinhentos cirurgiões cardiovasculares, aproximadamente.

O programa “Mais Médicos”, desde que integrado por bons profissionais, clínicos gerais, inclusive, é promissor. Mas, os médicos estrangeiros, entre eles, os cubanos, também precisam ser avaliados profissionalmente e revalidar seus diplomas, inclusive. A Associação Médica Brasileira (AMB) vê manobra político-eleitoral no programa em apreço e a Agência Nacional de Saúde (ANS) também está acompanhando o caso. O que é oportuno, considerando que o Brasil possui muitas faculdades de medicina e exige rigor no exame das provas de médicos recém-formados. Daí, no fim de 2014, 55% terem sido reprovados pelo Conselho Regional de Medicina (Cremesp/2014).

Apesar dessas gravidades, outras mazelas ocorrem, como o tráfico de próteses, de órteses e de stents, que envolve hospitais e médicos, num mercado sujo e desprezível no qual circula muito dinheiro e muitas cirurgias sem necessidade, num esquema que vem causando mortes e deficientes físicos.

Nós devemos muito à boa medicina! Daí escrevermos contra os males que se abrigam nas atividades médicas ou hospitalares: mercado infeccioso, corrupção e incúria.

Em suma: é com muito orgulho que parabenizamos os médicos que exercem a medicina com dignidade e, sobretudo, a Ciência da Medicina! Lembremos de Hipócrates!

 

Antenor Batista editada11

* Antenor Batista (www.antenorbatista.adv.br) é advogado formado pela Faculdade de Direito de Guarulhos. É auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, aposentado. É autor de nove livros, entre eles, Corrupção: O 5° Poder Repensando a ética, cuja 14ª edição atualizada será lançada em 2015.

Março 2015 Jornalista responsável: Clarice Pereira (MTb 15.778)

 

Fonte: EDIPRO

Assessoria de Imprensa

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