Especialistas apontam o que cidades fizeram para se tornar mais inovadoras

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10/09/2015

A colombiana Medellín chegou ao topo do ranking como a cidade mais inovadora em 2012.

Por muito tempo, acreditou-se que a solução para as cidades do futuro sairia do Brasil. Sem a frieza high tech de japoneses, nem a idealização dos subúrbios longínquos norte-americanos,  a marca que os brasileiros imprimiram em suas cidades, imaginava-se, seria mais voltada para as pessoas e para uma forma de viver mais criativa. “Eu também achava que o Brasil seria pioneiro no desenvolvimento dessas cidades, mas hoje, não mais. Acredito que a Colômbia tem implementado soluções mais interessantes que a gente”, provoca Lala Deheinzelin criadora do Núcleo de Estudos do Futuro, da PUC-SP.

A busca  para identificar em quais cidades estão sendo implementadas as ideias capazes de servir como exemplo para o resto do planeta se reflete na criação de rankings que elegem “os melhores lugares para se viver”. E o Brasil está bem distante das primeiras posições. O atraso na aplicação de soluções por aqui levou o norte de expectativas para  nossos vizinhos latinos. Bogotá, na Colômbia, tomou a dianteira e tornou-se um dos grandes exemplos de cidades sustentáveis entre os trópicos na América Latina.

A também colombiana Medellín chegou ao topo do ranking como a cidade mais inovadora em 2012 pela lista anual organizada pela consultoria Urban Land Institute, passando à frente de Nova York e Tel Aviv, em Israel. O investimento público tornou a cidade  – que até os anos 1990 era conhecida como uma das principais rotas do tráfico do mundo –  um exemplo de uma boa gestão do sistema de transporte público.

Medellín venceu em uma lista de 200 cidades no mundo em critérios como mobilidade e infraestrutura, capital humano, uso do espaço, investimento em tecnologia e pesquisa.   Capaz de causar inveja ao jeitinho brasileiro, Medellín misturou teleféricos, escadas rolantes,  bicicletas compartilhadas, BRT (Bus Rapid Transport) e, claro, carros. Tudo junto e funcionando.
harvard e inovação

Nos Estados Unidos, Boston buscou a inovação na sua base histórica. Fundada no século XVII, a cidade tem dois dos mais importantes centros de pesquisa do mundo: Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). O espírito efervescente a tornou a mais inovadora entre 331 cidades avaliadas pela 2ThinkNow.

“Buscamos identificar principalmente como as cidades geram inovação, e observamos a criação de novas formas de trabalho e energia que surgem a partir daí”, explicou o diretor executivo da 2ThinkNow, Chistopher Hire.

Para a 2ThinkNow, a coleta de dados referentes às cidades, desde informações de habitantes e seu comportamento, até questões ambientais, como o tipo de lixo, é o que determinará as escolhas para o futuro. “Nós olhamos as pré-condições urbanas para inovação a partir dos indicadores coletados. Uma coisa simples que as cidades podem fazer é coletar dados, desenvolver métricas e ter uma estratégia que crie condições para a inovação”, diz Hire.

Hire elenca outras cidades que estão se tornando exemplos. “Londres tem feito grandes avanços e nós temos fornecido dados para lá. Nova York tem muito a seu favor. Algumas cidades menores na América Latina estão dando grandes passos, junto com cidades de mesmo porte nos Estados Unidos. Viena tem boas condições para desenvolver inovação na economia, e nós estamos de olho em Seul, na Coreia do Sul, e em Dubai”, listou.

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Do cimento ao verde
Já Portland virou marca  de  cidade amigável, voltada mais para as pessoas e menos para os carros, para o concreto e para as indústrias. Isso tudo em uma cidade que era conhecida mundialmente pela fabricação de cimento.

Ações de governo e da própria população tornaram a cidade de pouco mais de 500 mil habitantes, no estado do Oregon, em uma das mais verdes do planeta. Lá, a quantidade de emissões de gás carbônico dos carros é controlada por lei. Isso vale também para o descarte do lixo e para o setor imobiliário, que deve respeitar um limite para não avançar sobre áreas de vegetação.

“Portland era uma cidade típica industrial, feia, ruim de viver, com um rio parecido ao Tietê, em São Paulo. Eles viram que o Estado funciona como um articulador, que pode ter acesso a todas as áreas e os setores de produção, como ONGs, iniciativa privada e os habitantes”, explica Lala Deheinzelin.

O investimento tornou Portland uma das melhores cidades para se viver nos Estados Unidos, por aliar inovação e cultura. “Eles aplicaram esse conceito de ‘cidade compartilhável’, em que a cidade funciona como um organismo e o Estado como articulador”, diz Lala.

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Conexão com os moradores
A jornalista Natália Garcia, especializada em Urbanismo, criou, em 2011, o projeto Cidade para as Pessoas, no qual percorreu 12 metrópoles do mundo para identificar quais utilizavam as melhores ideias para deixá-las mais conectadas aos moradores.

“Entendi que não é possível pensar de maneira centralizada, seja no poder público, ou no planejamento de transporte dessas cidades. Entendi que é importante descentralizar a gestão das cidades, criar mecanismos que envolvam mais pessoas, mais ideias, mais experimentos”, observa.

Transporte, caminhos para ciclistas, praças e parques, cultura ao ar livre, tudo tem de ser observado de forma a identificar o impacto ambiental em cada ação. “Em Portland, eles desenvolveram plano de gestão do crescimento da cidade em função do transporte público. Lá,   a cidade foi se planejando para crescer em função das demandas do transporte”, observa Natália Garcia.

Fonte:CorreioDaBahia

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