Carlinhos Brown recebe o Ano da França no Brasil no Candeal

Inicio > Cultura > Carlinhos Brown recebe o Ano da França no Brasil no Candeal    
13/08/2009

A Praça 9 de Outubro, no bairro do Candeal Pequeno, em Salvador, ficou pequena para a exibição da peça “Tabataba”, com texto do mítico dramaturgo francês Bernard-Marie Koltès. A apresentação da montagem, que segue em temporada até 22 de agosto, com 12 apresentações em seis espaços abertos de Salvador, foi uma espécie de síntese simbólica do Ano da França no Brasil: reuniu, numa noite de cooperação, duas culturas, dois olhares, que trabalharam em uníssono. Dirigida pelo diretor francês Philip Boulay, a encenação foi feita pelo casal de atores locais Mariana Freire e Elmir Mateus. E reuniu, no início da noite do último dia 12, na arena ao ar livre apelidada de Milagre do Candeal (por ter sido fundada durante as filmagens da película homônima), representantes do Ano da França no Brasil como Áurea Leszczynski Gonçalves, assessora do presidente do Comissariado Brasileiro do Ano da França no Brasil; da Aliança Francesa, co-realizadora deste evento, como Yann Lorvo, delegado-geral da Aliança Francesa no Brasil e diretor-geral da Aliança Francesa do Rio de Janeiro, e Jean-Jacques Forté, diretor da Aliança Francesa da Bahia; além do cantor, compositor, multiartista e líder da comunidade do Candeal, Carlinhos Brown. É a primeira vez que “Tabataba” é montada na Bahia, numa produção composta pelos dois países e fruto de um intercâmbio de dois anos entre o diretor e a Aliança Francesa. No tablado, os personagens Abou e Moümounu são irmãos que vivem na África, no bairro popular que dá título à peça, e enfrentam a solidão e suas formas particulares de encarar esta realidade. “Koltès é um autor muito sensível às questões africanas. E a proximidade de Salvador a esta realidade faz com que a história e a sua escritura fale a todos e a qualquer um”, comenta Boulay. Intercâmbio “Tabataba explica a importância de se gostar e de aprender a gostar das coisas que importam”, avalia Carlinhos Brown, após ver a peça. “São lições de respeito e de cuidado não só com o próximo, mas também com a comunidade”. Brown ainda ressaltou a importância do Ano da França no Brasil na promoção sociocultural: “Estou muito feliz que essa peça tenha chegado aqui através deste projeto que aproxima culturas e proporciona várias ações que colaboram com o conteúdo cultural de ambos os países”. E pelas reações da plateia, a mescla de culturas e a mensagem encontraram solo fértil. Encantados com a performance, a audiência respeitou os silêncios, o tempo interno da atuação e da peça, as intenções dos gestos. E aplaudiu entusiasticamente ao final das duas sessões daquele dia. “Esta apresentação simbolizou a ideia do Ano da França no Brasil: compartilhar algo sincero através da cultura. E não só no eixo Rio/São Paulo. Mas com todos os brasileiros, em todos os bairros de suas cidades”, acrescenta Yann Lorvo. “Construir não só o intercâmbio, mais um ponto de encontro de culturas”. “Tabataba é a essência daquilo que se espera que seja o Ano da França no Brasil”, resume Áurea Gonçalves. “O brasileiro e o francês podem dar o melhor dos dois, trocar experiências para que seja bonito como foi este trabalho com a população do Candeal”. A assessora do Presidente do Comissariado brasileiro do Ano da França no Brasil destacou a importância de levar um trabalho representativo do teatro contemporâneo francês a bairros populares de Salvador. “Essa população merece assistir a um teatro com a dramaturgia universal, com sentimentos e realidades que podem estar acontecendo aqui e em outros lugares”. Plateia O diretor da peça também falou sobre as questões de acesso: “Quando se faz teatro, esquecemos as nacionalidades – a troca existe entre pessoas. A ideia foi de realizar o encontro do público de Salvador com este texto, mais particularmente o público deste bairro popular – que não teria meios de assistir a esta peça pelos meios formais. É um gesto artístico, de um teatro que se desloca, que vai para fora de suas paredes. É um gesto que tem, também, dimensões políticas e o Candeal seria o espaço natural para que isso acontecesse”. Que o diga Maria José Menezes dos Santos, dona Maria Gorda, a rezadeira do Candeal. Confortavelmente acomodada numa cadeira de plástico no alto da arquibancada de alvenaria da arena, ela viu a tudo espetáculo com atenção para, ao final, sentenciar: “Achei maravilhoso! Gosto mais de teatro assim do que fechado. E também aprovo esse intercâmbio entre a França e o Brasil por conta do Ano da França no Brasil. Os países precisam se unir para que daí saiam coisas boas, como essa peça”, comentou. As estudantes Priscila Bispo, da Associação Pracatum Ação Social , e Jéssica de Souza foram unânimes em ressaltar a importância da encenação para a comunidade: “A vinda de uma apresentação teatral para cá incentiva a comunidade a entrar no mundo das artes, seja dentro ou fora do palco”, pondera Priscila. “E ter sido esta parte do Ano da França no Brasil é muito bom para que as pessoas se conheçam e saibam das diferenças entre os países. E olha como já tem gente esperando a próxima sessão”, completou Jéssica, apontando para a praça, que começava a se encher durante o intervalo entre as sessões que aconteceriam nesse dia. Também está prevista a montagem da peça “Combate de Negro e de Cães”, outro texto de Koltés, que estreia 21 de agosto no Teatro Molière, em Salvador. A montagem das duas peças resulta de um projeto de intercâmbio da Wor(L)d Compagnie, de Paris, com o patrocínio do Fundo de Cultura do Estado da Bahia e CulturesFrance e é uma co-produção da Aliança Francesa de Salvador, Oficina da Artes e Wor(L)d Compagnie. A peça “Tabataba” voltará a ser encenada dia 13 de agosto, na Escola de Teatro UFBA (Canela), às 16 e 18 horas; dia 21 de agosto, na área externa do Cine-Teatro Solar Boa Vista (Brotas), às 16 e 19 horas; e no dia 22 de agosto, no Passeio Público (Campo Grande), às 17 e 19 horas, sempre com entrada franca. Os patrocinadores do Ano da França no Brasil ( http://anodafrancanobrasil.cultura.gov.br/) são: Comitê dos patrocinadores franceses: Accor, Air France, Alstom, Areva, Caixa Seguros, CNP Assurance, Câmara de Comércio França-Brasil, Dassault, DCNS, EADS, GDF SUEZ, Lafarge, PSAPeugeot Citroën, Renault, Saint -Gobain, Safran, Thales, Vallourec. Patrocinadores brasileiros: Banco Fidis, Banco Itaú, Bradesco, BNDES, Caixa Econômica Federal, Centro Cultural Banco do Brasil, Correios, Eletrobrás, Fiat, Gol, Grupo Pão de Açúcar, Infraero, Oi, Petrobras, Santander, Serpro. Parceria e realização: TV5, Ubifrance, Aliança Francesa, CulturesFrance, Republique Française,TV Brasil, Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Cultura, Governo Federal do Brasil, SESC, SESC SP.

Deixe um Comentário