Hoje é agonia véi!

17/02/2023

Hoje é agonia véi!
milhões de pessoas atrás de um caminhão com caixas de som, todo mundo suado, comendo água, beijando na boca, perna melada de lama, empurra-empurra da mizéra, cotovelada pra todo lado, topada em meio-fio, uns murro na covardia e cutucada de PM na costela.
E tudo isso, maluco, é a parte boa
Porque o miserê começa 3 horas antes.
Tudo engarrafado desde a Vasco da Gama até a Barra. Aí você se reta, desce antes do Dique e vai andando pra Avenida pra ver o Rei Momo que nem é mais gordo, aquela porra.
Isso se você não for pro circuito Dodô, porque aí é stress. A Centenário toda engarrafada, buzu lotadaço, pivete como a porra na rua esperando você descer pra pedir seu celular, música tocando nas barracas, cheiro do churrasquinho de gato no Chame Chame, um monte de gente vestindo umas camisa colorida e fina que só vai terminar de pagar no Natal e a galera da pipoca correndo pra pegar o trio no Morro do Gato porque já passou do Barravento.
E se você não está familiarizado com esses nomes, se ligue. É bom saber onde está pisando.
Chegou no circuito, passou Ivetona, atrasada porque parou 2 horas pra cantar pro camarote dela as “músicas do carnaval”. Curtiu, dançou, se armou, mas não desça do Morro não, porque a Corda de Ivete é legal, mas nem tanto.
Aí vem Saulo, com a pipoca mais de boas do carnaval. Pode descer sem stress que o máximo que vão fazer é tentar tomar sua “doleira” na chegada da Ondina.
Termina aqui a programação sadia do Carnaval. Depois de Milk é só ladeira à baixo. Parangolé, Harmonia, pausa pra os blocos das Patys e Enzos universitários e do Jammil. de volta a programação normal. Siri com Toddy, Léo Santana, Timbalada, Chiclete, Tatau, Margareth e a porra só para depois do Bbg Anos 80, que eu, com 45 anos de serviços prestados ao carnaval, não faço a mínima ideia do que seja.
Cansou, mizéra? Pois agora é que começam os seus problemas. Chegada na Ondina tudo sujo, tênis pedindo lixo, unha arrancada, senta ali nas gordinhas pra tirar 50 centavos de descanso pra ir andando à Garibaldi. Aí começa a nova aventura…
Caminhada na frente do zoológico, passando pela rua da UFBA, gente bêba e vomitando de um lado, menino dormindo nas barracas, playboy beijando a tia do isopôr, cheiro de cachorro quente velho, as pernas doem, a cabeça dizendo; nunca mais venho pra essa porra. E você sabe que é mentira.
Chegou no monumento de Cleriston Andrade pra pegar buzu lotado, chegar na Lapa e vê se consegue chegar em casa antes do sol nascer.
No caminho vai lembrando das maluquices que fez, quem beijou quem, da mina que deu mole mas tava dentro do bloco ou do Gandhy que você tomou o colar (vai de gosto) e começa a rir porque tá bêbo, bêba ou bêbes, que essa hora ninguém é mais de ninguém.
Chega em casa, deus sabe como, deita todo sujo mesmo e acorda pensando: véi, só faltam 6 dias pra acabar o Carnaval. passou vuano.

Erick Cerquerira

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